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quarta-feira, 17 de outubro de 2012


"Meditação é ver claramente o corpo que temos, a mente que temos, a situação doméstica que temos, o trabalho que temos, e as pessoas que estão em nossas vidas.
É ver como reagimos a todas essas coisas.
É ver nossas emoções e pensamentos simplesmente como são agora, neste exato momento, neste exato lugar, neste exato assento.
Não tem a ver com tentar fazer algo ir embora, nem tentar se tornar melhor do que somos, mas ver claramente com precisão e gentileza. (…)

Isso não é um projeto de aprimoramento; não é uma situação em que você tenta ser melhor do que você é agora. Se você tem um temperamento ruim e você sente que agride a si mesmo e aos outros, você pode pensar que sentando em meditação por uma semana ou um mês fará seu temperamento ruim acabar — que você será aquela pessoa doce que você sempre quis ser. Que nunca mais uma palavra dura irá sair dos seus lábios de lírio branco.
O problema é que o desejo de mudar é fundamentalmente uma forma de agressão contra si mesmo.

O outro  problema é que nossos curtos circuitos, felizmente ou infelizmente, contém nossa riqueza. Nossas neuroses e nossa sabedoria são feita do mesmo material.
Se você jogar fora sua neurose, você também vai jogar fora sua sabedoria.
Alguém que é muito agressivo também tem muita energia; aquela energia é o que enriquece.
É a razão pela qual as pessoas amam aquela pessoa. O objetivo não é tentar se livrar da sua raiva, mas de fazer as pazes com ela, de ver claramente com precisão e honestidade, e também de ver com gentileza.
Isso significa não julgar você mesmo como uma pessoa má, mas também não forçar a si mesmo dizendo que “é bom que eu esteja com raiva deles” o tempo todo.
A gentileza envolve não reprimir a raiva mas também não atuar contra ela. É algo muito mais sutil e mais coração aberto do que isso.
Envolve o aprendizado de si mesmo, tão logo perceba totalmente o sentimento de raiva e o conhecimento de quem você é, do que você faz, de soltar e deixar ir.
Você pode se soltar da rotineira historinha ridícula que acompanha a raiva e pode começar a ver claramente como você mantém a coisa toda acontecendo.
Por isso, seja raiva ou desejo ou ciúme ou medo ou depressão – o que quer que seja – a idéia não é de tentar se livrar disso, mas de fazer amizade com isso. Significa conhecer isso completamente, com certo tipo de suavidade, e aprender como, uma vez experimentado inteiramente, deixá-lo ir embora.”

~ Pema Chödrön, em “The Wisdom of No Escape and The Path to Loving-Kindness”, 1991 (pags 18 e 19)

2 comentários:

  1. Estou no processo de acender a luz dos quartos escuros do meu Ser. Cômodos há muito inexplorados.
    Meditar é enxergar quem Sou??... E o que fazer com as capacidades, as possibilidades que passam a reluzir??
    Viver quem Sou é meditar em ação???

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  2. hum..."viver quem sou é meditar em ação".
    Você, pra variar, brilhante!!!

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