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domingo, 29 de novembro de 2015

Vai

Chegaram sem se falar
se viram
se aproximaram
se agarraram
Entre os dois a certeza de uma estranha intimidade
Encontro, explosão
Beijos, línguas, coração
Desejo e olhar
Vai olhar.... no espelho e não se ver
Ele vai olhando pra outro lado, vai ficando descuidado
Ela vai se despedindo, vai partindo
Sem particípio, tudo vai virando passado
Vai passando
Passa
Passará
O pássaro vai
O pássaro voa

Izamara Abreu

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Adeus, de novo

Hoje foi ela quem partiu, aos 95 anos.
 Foi como uma estrelinha que vai se apagando devagar
Conservou seu cabelo negro, nunca pintado, até o fim de seus dias.
Quando criança, eu chegava em sua casa e a via pentear o enorme cabelo, para, por fim, prendê-lo em um coque. Enquanto isso ouvia comentarem que meu cabelo era igual ao dela, até uma tal mecha vermelha.
A comparação me enchia de orgulho.
Foi essse mesmo cabelos que me lembrava tudo que herdei dela. O cabelo, as formas do corpo, o gosto por doces, e a melhor das heranças: a fé inabalável em Deus.
Ela também está viva em mim, assim como meus pais.
E estarão sempre vivas as lembranças do seu olhar amoroso e tranquilo, do sorrisinho doce que nem o café que ela fazia.
Foi ela quem deixou minha infância com gostinho de doce de batata doce com cháfé e bolinhos.
Obrigada, vózinha.
Izamara Abreu